Moda cruelty free: conheça os couros feitos de frutas

Com a necessidade de inovação na indústria têxtil, o setor tem investido em pesquisas para desenvolver tecidos sustentáveis e biodegradáveis: aqueles que geram menor impacto ambiental do que os materiais tradicionalmente usados.

O algodão comum, por exemplo, é um dos tecidos que mais geram poluição, já que sua produção demanda o gasto de muita água, inseticidas e pesticidas. Para substituí-lo, já temos o algodão orgânico, opção que economiza água e preserva a saúde do solo no plantio. Mas… e para o couro?

Conheça os couros sustentáveis e biodegradáveis feitos de frutas

Na busca por alternativas ecológicas e cruelty-free para o couro, os resíduos das frutas tornaram-se matéria-prima.

1. PIÑATEX, imitação de couro feita com as folhas de abacaxi

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Piñatex – o couro feito de folhas de abacaxi

O Piñatex é uma imitação de couro feita a partir das folhas do abacaxi. O tecido foi criado pela designer Carmen Hijosa, nas Filipinas. Na década de 1990, depois de trabalhar por muitos anos na indústria do couro, Carmen recebeu um convite para atuar no Centro de Design das Filipinas. Por lá, a designer começou seus estudos em busca de alternativas ao couro, tendo como objetivo o desenvolvimento de um material sem nada de origem animal e que pudesse gerar o menor impacto possível para o meio ambiente, além de contribuir com comunidades agrícolas. Para a produção do Piñatex, o resíduo que seria descartado é reaproveitado. O “couro” produzido é tão forte como o de origem animal e pode ser utilizado para fabricar roupas, calçados e acessórios. Vale destacar que o tecido é mais barato e mais leve do que o couro animal.

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Piñatex

Diversas marcas já utilizaram o tecido de abacaxi em suas criações, como por exemplo a marca Hugo Boss, que possui uma coleção de calçados feitos com o Piñatex. Em 2020, a marca brasileira de calçados veganos, Insecta Shoes, passou a usar o material em alguns produtos. (Confira clicando aqui).

2. PELLEMELA, o couro sustentável e resistente feito de maçã

A maçã é o componente do “couro” Pellemela

A maçã é outra fruta que vem sendo utilizada para contribuir com a moda sustentável. A empresa italiana Frumat aproveita as sobras da fabricação de sucos de maçã para criar um material compostável e reciclável, que se parece com o couro, nomeado Pellemela. Esse tecido é feito com 50% de fibra de maçã reciclada e 50% de poliuretano. O material originado permite a criação de roupas, bolsas, calçados, cintos, carteiras, e até artigos de papelaria.

Em 2017, a estilista eslovena Matea Benedetti, que já costumava utilizar matérias primas sustentáveis, apresentou sua coleção primavera/verão 2018, sendo a primeira marca de moda a criar roupas com o couro de maçã. Esse tecido é respirável, impermeável e vegano.

Criação de Matea Benedetti

Já em 2020, o couro de maçã foi escolhido como matéria-prima para a confecção de dois modelos de tênis da grife Tommy Hilfiger.

Tommy Hilfiger / Primavera-verão 2020

3. WINELEATHER, o couro “de vinho” feito com o bagaço da uva

Anualmente a Itália produz cerca de 26 bilhões de litros de vinho, gerando aproximadamente sete bilhões de quilos de bagaço de uva. Observando isso, a empresa italiana Vegea criou um tecido sustentável parecido com o couro, feito a partir dos resíduos da indústria do vinho.

THE VERY FIRST VEGAN LEATHER MADE OF WINE, 100% SUSTAINABLE - Eliiss

O produto é o Wineleather, um tecido criado por um tratamento especial de fibras e óleos contidos nos bagaços da uva, obtidos a partir de peles, sementes e caules da fruta utilizados na produção do vinho. 

Segundo os cálculos feitos pela Vegea, o volume de bagaços de uva gerados a partir da produção de vinho pode ser convertido em três bilhões de metros quadrado de Wineleather.

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Wineleather

Em 2020, a Fast Fashion H&M anunciou suas iniciativas sustentáveis para trabalhar por uma moda mais circular, incluindo o uso de tecidos e materiais biodegradáveis, como o Wineleather.

Aos poucos, os substitutos sustentáveis para o couro animal vão sendo difundidos e aderidos pela indústria fashion.

E você, gostou de conhecer esses materiais alternativos? Sem dúvidas, são inusitados, mas é de inovações como essas que o futuro da moda necessita.

O estilo de Carmen Miranda e sua influência para a moda

Frutas na cabeça, colares, babados, saias rodadas, turbantes e muitas cores. Com uma estética inconfundível, o estilo de Carmen Miranda é um ícone constantemente acessado pelo mundo da moda para a representação de uma identidade brasileira, dando territorialidade aos produtos.

Se hoje falamos sobre um DNA brasileiro na moda, almejado internacionalmente e explorado por estilistas da atualidade, devemos lembrar que desde os anos 1930, com o reconhecimento e projeção de Carmen Miranda, esse “DNA” ganhou status e passou de “traje típico” para um orgulho nacional.

Uma das brasileiras mais ilustres do país, na verdade nasceu em Portugal no ano de 1909, sob o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha. Chegou aqui com pouco mais de 10 meses de idade. Sua carreira artística e multimidiática transcorreu entre as décadas de 1930 e 1950. Em 20 anos de carreira, deixou sua voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos Estados Unidos. Balançou a Era do Rádio por aqui e chegou até Hollywood, onde chegou a ser uma das estrelas mais bem pagas. Ficou conhecida como Brazilian Bombshell (bomba brasileira).

Ela nunca foi seguidora da moda. Usava o que sentia que favorecia o seu visual no palco e o seu tipo físico. Sapatos com saltos plataformas de 20cm e turbantes tropicais davam um pouco mais de altura para os 1,52cm da “Pequena Notável”.

Em 1939, Carmen Miranda se destacou na comédia-musical “Banana da Terra”, quando apareceu caracterizada de Baiana, personagem que marcou sua carreira e que ela incorporou até o fim da vida. No musical, cantou a música “O Que é Que a Baiana Tem”, de Dorival Caymmi. Criado pelo consagrado estilista Alceu Penna, o icônico traje de baiana é uma das fantasias brasileiras mais reproduzidas em época de carnaval.

Carmen também ia para a máquina de costura para criar algumas peças, sempre pensando no que queria vestir, mas sem temer a possibilidade de ser copiada. Entre os anos 1930 e 1940, ela ditou moda. Nos Estados Unidos, seus turbantes foram copiados e colocados em vitrines, seus balangandãs influenciaram o mundo do design das joias. Seus figurinos, pesados e estampados, foram fundamentais para que ela alcançasse a notoriedade.

Texto: Isabela de Magalhães
#12DécadasdeModa

A importância de Zuzu Angel para a moda brasileira

Zuzu Angel fez história nas décadas de 1960 e 1970. Nascida em Curvelo, Minas Gerais, a estilista e costureira desenvolvia peças que inovavam por representar uma identidade brasileira: cores tropicais, estampas e o uso de materiais nacionais, como pedras, bambu, madeira e conchas. Zuzu se destacou por  sua linguagem pessoal e autêntica e teve sucesso também no exterior, em uma época em que a moda européia era o grande destaque no cenário mundial.

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Zuzu Angel

O estilo das criações de Zuzu envolvia tudo que tivesse algum ar de brasilidade. Todas as suas produções misturavam delicadeza e tropicalismo, com o uso de chitas, rendas, sedas e fitas, tecidos com estampas de animais ou com temas folclóricos, além de sua marca registrada: o logotipo do Anjo. Ela não costurava apenas para a elite: seu objetivo com a moda era também vestir a mulher comum. Zuzu afirmava: “Eu sou a moda brasileira“, e é inegável que sua carreira deixou um imensurável legado estético, cultural e social para o Brasil.

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Infelizmente, ela não ficou conhecida somente por seu trabalho na moda. Uma de suas maiores lutas foi a busca pelo corpo do filho Stuart Angel, ativista que desapareceu em 1971, após ser preso por militares da ditadura. Depois disso, Zuzu passou a usar a moda como forma de protesto e suas criações incorporavam elementos que denunciavam a situação política brasileira. As estampas tropicais deram lugar a pássaros em gaiolas, tanques, balas de canhão, pombas e, claro, anjos. Para a apresentação dessa coleção, a designer fez um desfile-protesto no consulado brasileiro em Nova Iorque.

A designer se tornou um símbolo da luta contra a ditadura no Brasil. Ela morreu em 14 de abril de 1976, em um suposto acidente na saída do Túnel Dois Irmãos, na estrada da Gávea, no Rio de Janeiro. Sua morte nunca foi esclarecida. Na época, Zuzu espalhou cartas entre seus amigos, com dizeres que mostravam que ela se sentia ameaçada: ”Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho.”, dizia. Uma dessas cartas foi recebida por seu amigo Chico Buarque de Holanda, que a homenageou na canção “Angélica”, com composição feita em parceria com o músico Miltinho:

Atualmente, Zuzu Angel é representada através do IZA – Instiuto Zuzu Angel de Moda, instituição sem fins lucrativos, fundada em 1993 e idealizada por Hildegard Angel, filha da estilista. Localizado no Rio de Janeiro, o instituto tem um dos maiores acervos de moda do país e tem como ideal o resgate e a valorização das diversas manifestações da moda brasileira.

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Zuzu Angel foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário digital 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) + o pdf do planner semanal em: Calendario2020.iluria.com

Entender seu estilo é o primeiro passo do consumo consciente

A nossa forma de se vestir é construída a partir das nossas referências estéticas, contextos, histórias e uma soma de muitos fatores que podem variar de pessoa para pessoa. Estilo é a maneira como podemos expressar os nossos pensamentos, sentimentos e emoções, resultando em características estéticas que, juntas, fazem parte da construção da nossa imagem como indivíduos singulares.

Compreender o estilo pessoal é uma forma de se conhecer melhor. Por outro lado, quem se conhece e se entende nesse sentido, faz escolhas mais conscientes na hora de decidir o que entrará no seu guarda-roupas, sabendo o que realmente gosta de usar, que fará sentido e terá funcionalidade.

“Moda consciente” é sobre consumir de forma ética e com respeito ao meio ambiente, mas também é sobre se respeitar. Respeitar o seu estilo, seus valores e seus gostos pessoais.

Aqui vão algumas dicas simples para começar a praticar a moda consciente voltando o olhar para você e para o seu estilo:


1- Entenda o seu armário

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Organize seu guarda-roupas, visualize todas as peças e procure entender o que você já tem ali. Qual é o tipo de roupa que você mais usa? E quais são as roupas que ficam sempre encalhadas? O que você tem em excesso?

2- Analise suas roupas favoritas

Observe as roupas que você mais gosta e que fazem você se sentir bem: Quais características elas têm em comum? Pense em quais características são mais importantes para você: é um tipo de tecido? Algum detalhe estético? A cor? A simplicidade? A modelagem diferente? A versatilidade?

3 – Saiba do que você não gosta.

Descubra as características que você não gosta, pensando nos motivos que fazem você não usar ou se sentir desconfortável com alguma peça.

4 – Faça escolhas atemporais:

Na hora de escolher novas roupas, procure adquirir peças que vão durar além daquela temporada, que combinam com o que você já entendeu sobre você e continuarão fazendo sentido quando a tendência passar

Essas são dicas simples, mas eu espero que elas possam te ajudar e inspirar de alguma forma. ❤

 

*A foto de capa desta matéria é do editorial “Natureza e Movimento”, fotografado no primeiro semestre de 2018.

Zelda Wynn Valdes e a sensualidade da década de 1940

Zelda Wynn Valdes foi uma estilista pioneira nos anos 1940. Consolidada como uma das grandes protagonistas da moda afro americana, começou sua carreira em um período marcado pela segregação racial nos Estados Unidos, situação que teve impacto nas mais diversas áreas, incluindo a moda.

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Nascida na Pensilvânia, Zelda se diferenciava ao dar espaço para que suas clientes opinassem no processo de elaboração das roupas. Assim, ela produzia peças que refletiam a identidade de quem as usava, mas ainda sim carregando a essência criativa da estilista: sensualidade e sofisticação.

Ela foi presidente da NAFAD – Associação Nacional de Designers de Moda e de acessórios – uma associação de Designers Negros fundada por Mary Mcleod Beth com o objetivo de impulsionar e fortalecer estes profissionais de Design.

Em 1948, a designer abriu sua primeira loja na Broadway, sendo a primeira estilista negra a conquistar esse feito. Em 1950, Valdes muda o endereço de sua loja para West 57th Street, deixando de ser uma loja e passando a ser a Boutique “Chez Zelda”. A Clientela de Zelda era composta em sua maioria por artistas do sexo feminino, como Mae West, Ella Fitzgerald, Dorothy Dandridge, Eartha Kitt, Marian Anderson,Joyce Bryant, Sarah vaughan, entre outras.

O estilo da designer

Zelda ficou marcada por suas criações sensuais e sofisticadas, que refletiam o glamour dos anos 1940 e 1950.

Um de seus traços mais característicos é a grande presença de cinturas marcadas, com o quadril destacado. Muitas de suas criações têm a modelagem com a silhueta no estilo “sereia”, com a peça ajustada ao corpo e uma abertura abaixo dos joelhos. Além disso, a sensualidade fica ainda mais em evidência com modelos tomara-que-caia que deixam os ombros à mostra, e o uso de tecidos com transparência. Bordados e tecidos brilhantes confirmam o “DNA” glamouroso das criações de Zelda Wynn Valdes.

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Pelas características de seu trabalho, a estilista chamou a atenção de Hugh Henfner e foi convidada para desenhar os primeiros trajes das coelhinhas da Playboy.

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Zelda Wynn Valdes é um dos maiores marcos na História da moda, não só daquela Afro Americana. Até hoje seus projetos são utilizados como referências para novos Designers e muitas de suas criações estão incorporadas em projetos de estilistas posteriores à sua carreira.

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Zelda Wynn Valdes foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

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As criações construtivistas de Varvara Stepanova

Varvara Stepanova (1894-1958) foi uma das principais figuras do movimento artístico-político revolucionário russo. Ela atuou como designer, pintora, fotógrafa, tipógrafa, ilustradora, cenógrafa e estilista, além de ter sido um dos membros fundadores do Grupo de Trabalhos Construtivistas no Inkhuk (Instituto de Cultura Artística), que mais tarde publicaria o primeiro Manifesto Construtivista. Stepanova acreditava no design como uma ferramenta de educação e informação e compôs a cadeira de professora de design têxtil nas oficinas da escola russa Vkhutemas, em Moscou.

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A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial prejudicou o abastecimento das cidades, causando revoltas e greves que levaram a deposição do czar Nicolau II em março de 1917, seguida de crises até a Revolução Vermelha e um longo período de guerra civil que durou até 1921. Em uma Rússia pós-revolucionária, se fazia necessária a reestruturação da sociedade para um cotidiano que vivesse os ideais da revolução. Assim nasce o movimento artístico de vanguarda Construtivismo, que apresenta a proposta de “objeto construtivista”.

A proposta consistia em levar artistas construtivistas para as indústrias para que eles pudessem transformar as relações de produção e as relações das pessoas com os produtos. Os objetos construtivistas seriam produzidos em massa para racionalizar o desejo dos consumidores. Uma contrapartida à mercadoria capitalista. É neste contexto que a Primeira Estamparia Estatal da União Soviética convida as artistas plásticas Liubov Popova e Varvara Stepanova para criar estampas para seus tecidos.

A estamparia construtivista

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Um dos desafios para as artistas construtivistas ao começar a trabalhar na Primeira Estamparia de Algodão Estatal foi desenvolver padrões pequenos e que fossem facilmente replicáveis. Popova e Stepanova se dedicaram aos estudos sobre estamparia têxtil e decidiram trabalhar com formas simples e geométricas, que atendiam aos critérios estéticos construtivistas e davam sentido mecanizado aos padrões. Tais formas geométricas também agregavam outro significado às estampas: a geometria era associada às máquinas e aos trabalhadores industriais, que no contexto pós-revolucionário, eram o centro da produção soviética. Para reduzir custos, decidiram também trabalhar com uma gama limitada de cores.

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Os efeitos óticos obtidos no desenho das estampas das duas artistas eram intensificados quando estampados em tecido, ganhando mais possibilidades de movimento. Os efeitos eram formas de atribuir aos tecidos o caráter construtivista, tornando-os objetos ativos e prontos para a transformação da vida cotidiana.

Stepanova e a Prozodezhda

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Os trabalhos mais aclamados de Varvara foram aqueles feitos na área têxtil. Em 1923, ela publicou um artigo chamado “A Roupa de Hoje é a Roupa de Produção”, onde afirmava que a moda ficaria para trás, por ser uma representação do mundo burguês, e sugeria o uso da prozodezhda, a chamada “roupa de produção”. Essa seria uma roupa desenhada de acordo com funções específicas, sem decorações e ornamentos. O artigo foi publicado com desenhos feitos por ela de como seriam as roupas. São desenhos geométricos, rígidos e sem diferenciação de gênero. A prozodezhda também abolia as preferencias estéticas individuais ou diferenças sociais, enfatizando seu papel prático.

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Para grande parte da população a prozodezhda não foi aceita como uma roupa para o
dia-a-dia, mas como um traje para fins específicos, como a prática de esportes ou para figurinos de teatro. A roupa parecia ter sido desenhada para um futuro que ainda seria construído, onde a relação do consumidor com a roupa seria mais racionalizada.

Varvara Stepanova teve um marcante papel enquanto artista e teórica da revolução. Apesar dos poucos estudos ocidentais em torno da Revolução Russa, principalmente em torno das mulheres que faziam parte dela de forma ativa, sabemos que foi um período significativo e efervescente. As ideias do período, vanguardistas e sociais, um século depois ainda dialogam com a atualidade.

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Varvara Stepanova foi uma das pessoas que escolhemos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a designer e ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

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Ilustração de Ana Luiza Siqueira para o calendário “12 décadas de Moda”

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